11.8.17

PATERNIDADE É...

A paternidade provavelmente seja o maior, o mais complexo e enriquecedor desafio que um homem pode impor a si mesmo. A opção pela paternidade é um caminho sem volta que altera a identidade de cada um que decide ou que é escolhido para trilhar esta jornada.
Pai não é progenitor, não, de modo algum, esta é apenas uma função animalesca, o pai também pode ser biológico, mas, esta não é uma conta exata.  
A opção de ser pai é a opção por deixar de ser quem se é para passar a ser uma referência, símbolo mítico para um ou mais seres humanos em formação. O problema da referência é que não temos a menor ideia de como que se faz isto, apenas olhamos para as nossas e somos iluminados pela luz que erradia de cada uma. Passar a iluminar exige que tenhamos luz que brote de quem somos não daquilo que possuímos ou imaginamos ser.
Os filhos convivem tempo demais conosco para conseguirmos fingir ser aquilo que não somos! Como sempre escutei meu pai afirmar: “só doamos aquilo que possuímos”. O tempo sempre revela o nosso caráter.
A paternidade exige a capacidade de suportar a persistente e constante observação de alguém que está a olhar, a encucar, a construir os seus valores, ideias, ideais, crenças, identidade própria...  
                Ser pai é ser um não que quer ser sim. É ter fé que cada não irá brotar e se transformar em diversos aspectos do caráter do seu pequeno. É ter que admitir que em algum momento independente de como a paternidade foi exercida, os filhos farão o seu próprio caminho, concordando ou não, a jornada é deles.
A paternidade é auto sacrifício, há alguém que precisa, que deve vir antes. Ser pai é errar, continuar tentando e errando e tentando, num ciclo quase, apenas quase infinito.
Ser pai é passar pelo ardo processo de resignação de reconhecer que você não entendia o seu pai e pior, ter que admitir que independente do que você faça, assim como você julgou o seu pai, seu filhote um dia será o juiz e você o réu. A condenação é certa.  
Ser pai para aqueles que acreditam em Deus é ter o privilégio de ampliar a compreensão de quem Ele é, apesar de que nossa paternidade jamais será como a dele. Mas, a perseguição da utopia da paternidade divina pode ser o guia para a sublimação dos erros paternos.
Ser pai é acompanhar o desenvolvimento de um novo ser humano que mesmo que não reconheça um dia será arrastado pelo seu exemplo assim como você é arrastado pelo do seu pai.       


Allan Reis out/2015 
(Henri tinha 4 anos e 9 meses)

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