A paternidade
provavelmente seja o maior, o mais complexo e enriquecedor desafio que um homem
pode impor a si mesmo. A opção pela paternidade é um caminho sem volta que
altera a identidade de cada um que decide ou que é escolhido para trilhar esta
jornada.
Pai não é progenitor,
não, de modo algum, esta é apenas uma função animalesca, o pai também pode ser
biológico, mas, esta não é uma conta exata.
A opção de ser
pai é a opção por deixar de ser quem se é para passar a ser uma referência, símbolo
mítico para um ou mais seres humanos em formação. O problema da referência é
que não temos a menor ideia de como que se faz isto, apenas olhamos para as
nossas e somos iluminados pela luz que erradia de cada uma. Passar a iluminar exige
que tenhamos luz que brote de quem somos não daquilo que possuímos ou
imaginamos ser.
Os filhos
convivem tempo demais conosco para conseguirmos fingir ser aquilo que não
somos! Como sempre escutei meu pai afirmar: “só doamos aquilo que possuímos”. O
tempo sempre revela o nosso caráter.
A paternidade
exige a capacidade de suportar a persistente e constante observação de alguém
que está a olhar, a encucar, a construir os seus valores, ideias, ideais,
crenças, identidade própria...
Ser
pai é ser um não que quer ser sim. É ter fé que cada não irá brotar e se
transformar em diversos aspectos do caráter do seu pequeno. É ter que admitir
que em algum momento independente de como a paternidade foi exercida, os filhos
farão o seu próprio caminho, concordando ou não, a jornada é deles.
A paternidade
é auto sacrifício, há alguém que precisa, que deve vir antes. Ser pai é errar,
continuar tentando e errando e tentando, num ciclo quase, apenas quase
infinito.
Ser pai é
passar pelo ardo processo de resignação de reconhecer que você não entendia o
seu pai e pior, ter que admitir que independente do que você faça, assim como você
julgou o seu pai, seu filhote um dia será o juiz e você o réu. A condenação é
certa.
Ser pai para
aqueles que acreditam em Deus é ter o privilégio de ampliar a compreensão de
quem Ele é, apesar de que nossa paternidade jamais será como a dele. Mas, a
perseguição da utopia da paternidade divina pode ser o guia para a sublimação
dos erros paternos.
Ser pai é
acompanhar o desenvolvimento de um novo ser humano que mesmo que não reconheça um
dia será arrastado pelo seu exemplo assim como você é arrastado pelo do seu
pai.
Allan
Reis out/2015
(Henri tinha 4 anos e 9 meses)
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