5.6.14

CEB: Significante início, triste fim.

                                                                                                            por Vinicius Braga   

   Na década de 1930, o protestantismo brasileiro estava envolvido apenas consigo mesmo. Com caráter somente de combate ao catolicismo, colocava a conversão como um novo modo de vida que excluía a vivência em si de qualquer tipo de expressão cultural do próprio Brasil. Em um país extremamente carente de ser acompanhado em suas transformações sociais, a maioria dos evangélicos revelavam-se indesejosos de acompanha-lo, e assim não demonstravam interesse em suprir as demandas socioculturais emergentes na qual eles também estavam inseridos.

   Mas, na contramão de uma forma de protestantismo banhado pelo individualismo, incutido no brasileiro por estrangeiros colonizadores, e ao denominacionalismo e isolamento evangélico, surge, em 1934, a CEB (Confederação Evangélica do Brasil). Seu primeiro secretário foi Epaminondas Melo Amaral, seguidor dos ideais de Erasmo Braga, e composta inicialmente por cinco igrejas, Congregacional, Presbiteriana do Brasil, Presbiteriana Independente, Episcopal e Metodista, mas que recebeu maior força, em 1959, pela filiação da Igreja Luterana.

   Seguindo os passos de uma América Latina altamente influenciada pela Conferência Missionária do Panamá de 1916, a CEB se formou com o papel de representar o segmento evangélico e formar um órgão cooperativo em vista da construção de uma nova identidade evangélica nacional, bem como a formulação de projetos cooperativos e não mais individualistas.

   Após a Segunda Guerra Mundial, o país inicia um grande crescimento urbano e é movimentados por ideais socialistas, principalmente pela juventude brasileira. Então, as igrejas são envolvidas por esse clima e começam a falar sobre responsabilidade social e a estudar seus reflexos na transformação da sociedade. Assim, a CEB cria vários órgãos importantes. Um deles, o Setor de Responsabilidade Social da Igreja ganha muita importância por se colocar à suprir uma necessidade atual da população colocando a igreja atuando fora de suas paredes.

   Apesar da CEB trabalhar com seriedade, representatividade e pensamento inovador, note-se seu auge na Conferência do Nordeste de 1962, que possuía até mesmo conferencistas não cristãos, ela teve seu fim trágico na ditadura militar. Muitas igrejas que estavam fora da CEB, através de suas cúpulas movidas por uma reação negativa à toda a renovação teológica e pastoral promovidas pela confederação, e com apoio do Golpe Militar de 1964, reassumiram o controle eclesiástico no país através de perseguições aos departamentos da CEB, à professores e alunos dos seminários teológicos e às organizações de juventude. A CEB encerra assim sua real e significativa atuação no Brasil através de “irmãos” colocando seus próprios irmãos na cadeia.


   Fontes:


CUNHA, Magali do Nascimento. Religião e Cultura no Brasil: a Confederação Evangélica, a Conferência do Nordeste. p. 41 – 61

http://alexfajardo.wordpress.com/tag/confederacao-evangelica-brasileira/
http://www.ultimato.com.br/revista/artigos/323/mais-uma-tentativa-de-unidade-evangelica-brasileira-vale-a-pena