26.2.11

Alegoria e Interpretação Alegórica

                                                                                                                                              por Allan Reis

É certo afirmar que alegoria e interpretação alegórica ou alegorização são termos sinônimos.

O dicionário Aurélio define a palavra alegoria do seguinte modo: “exposição de um pensamento sob forma figurada, ficção que representa uma coisa para dar idéia de outra e obra artística que representa uma idéia abstrata mediante formas que a tornam compreensível”. (1)

A Enciclopédia Histórico-Teológica da Igreja Cristã apresenta o seguinte significado para o mesmo termo, “um dispositivo oral ou literário que procura expressar verdades abstratas em formas ilustradas. A alegoria geralmente ocorre como uma metáfora extensa na forma de uma narrativa; exemplos podem ser achados no AT e no NT (e.g., SL 80: Israel é uma videira do Egito; Jo 10. 1 – 16: Jesus como o Bom Pastor). Nas escrituras, o uso da alegoria é especificamente indicado (Gl 4. 21 ss.) ou é claramente identificado através do contexto (Pv 5. 15 ss.)”. (2) Há outros textos que contém alegoria, João 6. 51 a 65 e Isaias 5. 1 a 7.

Lund e Nelson afirmam: “A alegoria é uma figura retórica (3) que geralmente consta de várias metáforas unidas, representando cada uma delas realidades correspondentes, costuma ser tão palpável a natureza figurativa da alegoria, que uma interpretação ao pé da letra quase faz impossível. Ás vezes a alegoria está acompanhada, como a parábola, da interpretação que exige ”. (4)

Não se deve confundir o termo “alegoria” com “interpretação alegórica” ou “alegorização” esta apesar de utilizar a alegoria é uma abordagem hermenêutica. “Este método é caracterizado pela busca de um significado mais profundo nas declarações literais de um texto, que não esta facilmente visível. O método freqüentemente indica mais os padrões de pensamento do interprete do que do autor original. Historicamente, a alegorização teve sua origem na Grécia (século VI a.C.), influenciou o judaísmo através de Filo em Alexandria (século II a.C.), e veio para o cristianismo através de homens notáveis, tais como Jerônimo, Orígenes e Agostinho. Esta abordagem durou por toda a Idade Média, mas depois foi questionada por Aquino, desenfatizada por Nicolau de Lira e totalmente rejeitada pelos reformadores”. (5)

Diante do exposto é passível de afirmação que alegoria e alegorização apesar da semelhança não são sinônimas, pois uma é um recurso de retórica enquanto a outro uma abordagem hermenêutica bíblica.

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(1) Miniaurélio Século XXI, Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, Nova Fronteira, 2001.
(2) Enciclopédia Histórico-Teológica da Igreja Cristã, Vol. 1, Editor Walter A. Elwell, Vida Nova, 993.
(3) Lund e Nelson citam 20 figuras de retórica, a saber: metáfora, sinédoque, metonímia, prosopopéia, ironia, hipérbole, alegoria, fábula, enigma, tipo, símbolo, parábola, símile, interrogação, apóstrofe, antítese, clímax, provérbio, acróstico e paradoxo.
(4) Hermenêutica. Regras de Interpretação das Sagradas Escrituras, E. Lund e P. C. Nelson, Vida, 2001.
(5) Enciclopédia Histórico-Teológica da Igreja Cristã, Vol. 2, Editor Walter A. Elwell, Vida Nova, 1993.

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