Eles Gostam de Jesus,
Mas não da Igreja[1] do americano Dan
Kimball, foi publicado nos E.U.A. em 2007, aqui no Brasil a editora Vida lançou
o livro em setembro de 2011.
Kimball,
fala, olha e percebe a religiosidade a partir de dentro, ele é um evangelical,
conservador, pastor de uma igreja na cidade universitária de Santa Cruz na
Califórnia. Conforme as suas palavras: “minhas convicções são fundamentalistas
e [...] interpreto a Bíblia literalmente” (KIMBALL, 2011, p. 188).
Apesar
de em seu livro conter afirmações como: “Erramos o alvo quando não fazemos
parte de sua igreja” (KIMBALL, 2011, p. 57), ou “eu sei não é possível
experimentar o corpo de Cristo no isolamento e que abandonar a igreja não é a
resposta. Precisamos fazer parte de um corpo local” (KIMBALL, 2011, p. 224), e
ainda “precisamos explicar para aqueles que gostam de Jesus, mas não da igreja,
que Jesus ama a igreja e que, se eles verdadeiramente gostam de Jesus, é
inevitável que também gostem da igreja, pois ela é a sua noiva. As pessoas
precisam da igreja porque ela é a expressão de Jesus como seu corpo (KIMBALL,
2011, p. 252). Porém sua abordagem é distinta daqueles que acreditam que apenas
afirmando e reafirmando que a igreja é importante e necessária, irão convencer
as pessoas a pertencerem[2].
O
livro aqui analisado é o resultado do esforço deste autor, por tentar olhar as
igrejas evangélicas a partir dos olhos dos americanos, que não pertencem a ela.
Qual a metodologia que foi empregada? Kimball a define assim:
Encontrei a maioria das pessoas que vou citar após ter fugido de meu gabinete na igreja. E não me dispus a fazer proselitismo com elas: simplesmente as encontrei para fazer amizade, desfrutar de sua companhia e pedir suas opiniões. [...] Passei longos períodos ao lado de cada uma delas, fazendo perguntas, ouvindo suas histórias e prestando atenção a sua opiniões. (KIMBALL, 2011, p. 60).
Os
entrevistados estão na faixa etária dos vinte ou dos trinta anos. Algumas pessoas
foram criadas na igreja e outras nunca tiveram uma relação direta com igrejas
evangélicas. O que é comum a todas é o fato de não participar, nem frequentar
uma igreja quando das entrevistas, porém elas gostam de Jesus. O autor não
informa quantas pessoas entrevistou, mas, há citações de pelos menos doze
pessoas diferentes ao longo do texto (KIMBALL, 2011, pp. 60, 61).
Kimball
só vai ao encontro destas pessoas, porque antes ele construiu algumas
convicções, que não é comum que os evangélicos tenham, são elas:
- · O mundo mudou: “Em uma cultura cada vez mais pós-cristã, as influências e os valores que dão forma às gerações emergentes[3] já não se alinham com o cristianismo. As gerações emergentes não tem uma compreensão básica da história da Bíblia e não vislumbram um Deus como o Deus predominante a ser cultuado” (KIMBALL, 2011, p. 13).
- · A percepção que os americanos possuem dos cristãos é: “covardes, inflamados, intolerantes, acusadores, pertencentes à direita e com interesses políticos próprios” (KIMBALL, 2011, p. 30).
- · Os evangélicos vivem dentro de uma bolha cristã. Estão sempre atarefados com atividades da igreja. Consomem seus próprios produtos como livros, roupas, adesivos, congressos, dentre outras coisa (tão consumistas como qualquer outra pessoa). Constroem relações de amizades, somente com outros evangélicos (KIMBALL, 2011, pp.11, 38 - 40).
- · As pessoas gostam de Jesus, apesar de não frequentarem uma igreja evangélica (KIMBALL, 2011, pp. 48 – 58).
Através
do contato com os jovens, não evangélicos, o autor admite que no mínimo seis
críticas destes jovens devam ser levadas em consideração, são elas:
1) A igreja
é uma religião organizada com interesses políticos próprios.
2) A igreja é
intolerante e negativista.
3) A igreja é dominada pelos homens e oprime as
mulheres.
4) A igreja é homofóbica.
5) A igreja é arrogante ao afirmar que
todas as outras religiões estão erradas.
6) A igreja está cheia de
fundamentalistas que levam a Bíblia ao pé da letra.
Em
cada um(a) destes(as) pensamentos/críticas dos não evangélicos, Kimball admite
o porque eles pensam desta maneira e em seguida apresenta uma defesa e um modo
de explicar o modo de ser da igreja.
A
preocupação e a abordagem, que Kimball realiza é missiológica. Ele realmente
está convicto da necessidade de se escutar os não cristãos e que “em alguns
casos precisaremos desculpar-nos com as pessoas por como a igreja tem agido”
(KIMBALL, 2011, p. 68).
Por ser missiológica admiti-se que “as coisas mudaram,
e precisamos pensar da perspectiva das gerações emergentes se quisermos
compreendê-las e comunicar-nos com elas” (KIMBALL, 2011, p. 149). Ou seja, para
comunicar é preciso sair da bolha e primeiramente ouvir, aprender, pedir
desculpas, se relacionar e depois se for possível falar.
[1] Para Kimball, igreja é igual ao
campo religioso evangélico, portanto durante a análise de seu livro, está será
a utilização do termo.
[2] Exemplos desta abordagem são os
livros: Dê Outra Chance à Igreja de Todd
Hunter, Os Sem-Igreja de Nelson Bom
Milcar, Igreja. Acabou? de Israel
Belo de Azevedo dentre outros.
[3] O que o autor chama de
emergentes, também pode estar fazendo referência a contemporâneos ou
pós-modernos.