As circunstâncias históricas no capítulo 11 do livro do profeta Isaías mostram-nos que aquela era uma época de degradação social e espiritual; um mundo à beira do abismo em todos os aspectos. Uma árvore cortada é a imagem metafórica usada pelo profeta para expressar a desoladora devastação daquele tempo. Porém, nessa mesma árvore cortada, pela misericórdia de Deus, havia a possibilidade de prosperar um pequeno broto, originado na força de suas raízes. Era a raiz de Jessé, um menino que traria renovo para o mundo degradado.
O profeta faz uma analogia entre os processos biológicos de renovação das plantas e a oportunidade de resgate que Deus oferece à Criação como um todo.
Embora Isaías tenha vivido quase oito séculos antes de Cristo, o capítulo é oportuno também para ilustrar as consequências da queda na parte natural da Criação, igualmente carente de resgate e restauração.
Os recursos naturais do planeta já foram degradados a ponto de gerar um “déficit” quase irrecuperável. Estamos “no vermelho” em 30%, com a capacidade de reposição por meios naturais esgotada. É como se avançássemos em 30% do valor de nossos rendimentos mensais no uso do cheque especial. Essa é uma situação em que a árvore já foi cortada, o tronco está morrendo e só a misericórdia de Deus pode oferecer nova oportunidade um renovo para os seres humanos e para os processos orgânicos e mecânicos do planeta.
Lembremo-nos da exploração de petróleo sem os cuidados ambientais, no Golfo do México; dos desastres com energia nuclear em Chernobyl e no Japão; da destruição de rios, como o Tietê; da desertificação em muitas áreas, pela ausência de chuvas derivada da retirada das árvores. Pensemos na atmosfera irrespirável pelas emissões resultantes dos processos de transformação industrial. A lista é infindável e atinge a todos os sistemas existentes no planeta. Como restaurar o que destruímos? Como caminhar em direção às promessas de Isaías 11.6-9?
Responderemos a essas perguntas quando formos capazes de fazê-las sinceramente. Veremos o que é possível conseguir quando nos dispusermos ao resgate, à restauração de nossa vida espiritual de foma integral com Deus e à restauração de tudo o que ele criou, da forma como criou e da maneira como, a cada ato criativo, certificava-se de que tudo tinha ficado muito bom (Gn 1.3-31). Deus resgatou e restaurou não só no plano espiritual, mas também no campo físico (duro e extenuante), tornando-se homem, deixando a condição de Verbo glorioso e fazendo-se carne, como profetizou Isaías.
É tempo de trabalhar para reverter tanto a devastação das almas quanto a do planeta. É preciso sair do vermelho. Dispormo-nos ao trabalho, a exemplo do que fez Jesus. Uma grande oportunidade para nós não só como brasileiros, mas como cidadãos do planeta é a Rio+20 Conferência das Nações Unidas em Desenvolvimento Sustentável, que será realizada em junho de 2012. Haverá, na ocasião, a oportunidade de pensarmos e propormos soluções para os temas econômicos, sociais e de governança. Alguns deles são: como produzir respeitando os ciclos de reposição da natureza; como organizar politicamente nossa vida na casa comum que Deus nos deu; como cuidar dos órfãos e das viúvas, que na Bíblia representam todos os desvalidos. Estes são temas com potencialidade fundante de toda uma nova civilização, de acordo com o estado de coisas em plenitude que Deus reafirma como parte de sua essência em 1 Coríntios 10.26.
Marina Silva é professora de história e ex-senadora pelo PV-AC
Fonte: Revista Ultimato Setembro-Outubro de 2011.
O profeta faz uma analogia entre os processos biológicos de renovação das plantas e a oportunidade de resgate que Deus oferece à Criação como um todo.
Embora Isaías tenha vivido quase oito séculos antes de Cristo, o capítulo é oportuno também para ilustrar as consequências da queda na parte natural da Criação, igualmente carente de resgate e restauração.
Os recursos naturais do planeta já foram degradados a ponto de gerar um “déficit” quase irrecuperável. Estamos “no vermelho” em 30%, com a capacidade de reposição por meios naturais esgotada. É como se avançássemos em 30% do valor de nossos rendimentos mensais no uso do cheque especial. Essa é uma situação em que a árvore já foi cortada, o tronco está morrendo e só a misericórdia de Deus pode oferecer nova oportunidade um renovo para os seres humanos e para os processos orgânicos e mecânicos do planeta.
Lembremo-nos da exploração de petróleo sem os cuidados ambientais, no Golfo do México; dos desastres com energia nuclear em Chernobyl e no Japão; da destruição de rios, como o Tietê; da desertificação em muitas áreas, pela ausência de chuvas derivada da retirada das árvores. Pensemos na atmosfera irrespirável pelas emissões resultantes dos processos de transformação industrial. A lista é infindável e atinge a todos os sistemas existentes no planeta. Como restaurar o que destruímos? Como caminhar em direção às promessas de Isaías 11.6-9?
Responderemos a essas perguntas quando formos capazes de fazê-las sinceramente. Veremos o que é possível conseguir quando nos dispusermos ao resgate, à restauração de nossa vida espiritual de foma integral com Deus e à restauração de tudo o que ele criou, da forma como criou e da maneira como, a cada ato criativo, certificava-se de que tudo tinha ficado muito bom (Gn 1.3-31). Deus resgatou e restaurou não só no plano espiritual, mas também no campo físico (duro e extenuante), tornando-se homem, deixando a condição de Verbo glorioso e fazendo-se carne, como profetizou Isaías.
É tempo de trabalhar para reverter tanto a devastação das almas quanto a do planeta. É preciso sair do vermelho. Dispormo-nos ao trabalho, a exemplo do que fez Jesus. Uma grande oportunidade para nós não só como brasileiros, mas como cidadãos do planeta é a Rio+20 Conferência das Nações Unidas em Desenvolvimento Sustentável, que será realizada em junho de 2012. Haverá, na ocasião, a oportunidade de pensarmos e propormos soluções para os temas econômicos, sociais e de governança. Alguns deles são: como produzir respeitando os ciclos de reposição da natureza; como organizar politicamente nossa vida na casa comum que Deus nos deu; como cuidar dos órfãos e das viúvas, que na Bíblia representam todos os desvalidos. Estes são temas com potencialidade fundante de toda uma nova civilização, de acordo com o estado de coisas em plenitude que Deus reafirma como parte de sua essência em 1 Coríntios 10.26.
Marina Silva é professora de história e ex-senadora pelo PV-AC
Fonte: Revista Ultimato Setembro-Outubro de 2011.
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