por Gínia Bontempo
Em dezembro de 2009 aconteceu em Copenhague, na Dinamarca, mais uma reunião de lideranças mundiais para discutir alternativas de combate às mudanças climáticas. Estamos diante de uma crise em que a sobrevivência está vinculada à sustentabilidade. E a educação ambiental é uma das possíveis estratégias para o enfrentamento dessa crise.
Há dez anos, foi sancionada a Lei 9.795, de 27 de abril de 1999, que dispõe sobre a educação ambiental e institui a Política Nacional de Educação Ambiental (PNEA). É uma grande conquista; poucos países têm uma política semelhante. Porém, há incompreensão e desinformação a respeito da lei. Muitos a entendem como uma “metodologia educacional”. Na verdade, trata-se de um processo político, de caráter crítico, participativo, emancipatório e transformador.
A PNEA define educação ambiental como “processos por meio dos quais o “indivíduo e a coletividade constroem valores sociais”, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do “meio ambiente”, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade”. A educação ambiental “é um componente “essencial e permanente” da educação nacional, devendo estar presente, de forma articulada, “em todos os níveis e modalidades do processo educativo, em caráter formal e não-formal”.
Os trechos destacados indicam o potencial que as igrejas têm para atuar como instrumentos da educação ambiental. Nelas existe o indivíduo e a coletividade, além de um processo contínuo de construção de valores. E mais, valores deixados pelo próprio Jesus Cristo: amor, justiça, igualdade, simplicidade. Para os cristãos, o meio ambiente não é apenas um “bem de uso comum do povo”. É também a obra criativa e perfeita do Deus Trino, que nos chamou para desfrutar dos recursos, juntamente com os demais seres vivos, mas também para cuidar de toda a criação.
Outra característica importante da igreja é a forma como ela se organiza e reúne seus congregados. São encontros semanais em realidades concretas, com diferentes faixas etárias, classes sociais e gêneros. Isso contribui para que os processos educacionais tenham o caráter permanente e contínuo.
Contudo, o que de fato as igrejas têm feito em relação ao cuidado da criação? Têm provocado mudanças concretas no local onde estão inseridas? Algumas experiências já são conhecidas. É o caso da Igreja Metodista Livre do bairro Saúde, em São Paulo, que vem executando o Projeto Reação, e das igrejas evangélicas de Rondon do Pará, PA, que se envolveram na construção da Agenda 21 do município.
Cabe a nós participar de ações socioambientais, seja no bairro, no trabalho, na igreja, na associação ou no clube. Não há dúvida sobre a urgência da atuação dos cristãos e cidadãos brasileiros nas questões socioambientais, tenham eles 8 ou 80 anos! Se você ainda não participa de uma ação desse gênero, que tal se envolver a partir deste novo ano?
Fonte: Revista Ultimato de janeiro-fevereiro de 2010.
• Gínia Bontempo é bióloga, educadora ambiental e colaboradora d’A Rocha Brasil.
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